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20 de mai. de 2013

Olavo Bilac: "Inania Verba"




                                 Inania Verba


Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
-- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que se deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!



Bilac, Olavo. "O caçador de esmeraldas e outros poemas". Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.   

6 comentários:

  1. Aetano,


    Grato por compartilhar este belo poema de Olavo Bilac!


    Abraço,
    Adriano Nunes

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  2. Obrigado, meus caros amigos. Bom que vcs gostaram. Abcs

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  3. Fazia muito tempo que alguém não falava em Bilac.Grata.

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  4. Também gostei muito!
    Na verdade, gosto muito desse tema do real irrepresentável, inexprimível... Tendo a achar que é um tema que se choca um pouco com a forma parnasiana, com o soneto impecavelmente equilibrado. Mais, anda assim, gostei muito! Obrigado por compartilhar. Não conhecia.

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  5. Que bom q vcs gostaram, Cris e FTB. Valeu pelos comentários. Abcs

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