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13 de out. de 2013

Um detalhe na biografia de Maquiavel




Segundo Maurizio Viroli*, não era muito raro que Maquiavel se apaixonasse. Uma dessas paixões foi Lucrécia, chamada "Riccia", que foi sua amante por pelo menos dez anos. Conta o biógrafo que Riccia, "uma mulher fascinante", continuou sendo amante de Maquiavel mesmo depois dele estar desempregado e sem dinheiro. Em razão disso, um amigo do florentino confessa-se admirado com o comportamento da amante e assim justifica: "na maioria das vezes, as mulheres costumam amar a sorte e não os homens, e quando essa se modifica, elas mudam ainda mais rapidamente".  

Viroli relata que Maquiavel e Riccia viveram "uma aventura um tanto escabrosa (....) a qual foi omitida convenientemente por seus biógrafos: 

"Trata-se de uma acusação anônima de sodomia apresentada aos Oito da Guarda, magistratura encarregada da justiça criminal, em 27 de maio de 1510. Cito o texto da acusação: 'Notifica-se a Vós, Senhores Oito, como Nicolau de Messer Bernardo Machiavelli fodeu Lucrécia, dita a Riccia, no cu. Interrogai-a e descobrireis a verdade.'"

Diz Viroli que naquela época a sodomia era um delito que poderia ser punido com "multas, humilhações públicas e encarceramento e que, até 1502, existia um órgão especial, os "Oficiais de notas e conservadores dos mosteiros", "encarregado da repressão dos assim chamados atos sexuais contra a natureza".

"Na prática o ato era tolerado, e a denúncia não deu em nada", informa o biógrafo.



* Viroli, Maurizio. O Sorriso de Nicolau: história de Maquiavel. Tradução de Valéria Pereira da Silva. São Paulo: Estação Liberdade, 2002, p. 193.