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20 de jul. de 2013

Aforismo





A vaidade impede a homenagem em vida. E só não a impede após a morte porque não acreditamos que esta seja uma boa sorte.


14 de jul. de 2013

Aforismo




Não entendo a natureza andarilha do cheirador de cartilha. 


9 de jul. de 2013

Pílulas de Jeremiaz



Plebiscito 
Para 
Engabelar 
A Plebe


8 de jul. de 2013

Antiga e perigosa




Essas observações de Benjamin Constant revelam que a tentativa de legitimar uma violação constitucional por meio da participação popular é um expediente tão perigoso quanto antigo. Seguem:



Existem, eu sei, meios meritórios de se enfeitarem as violações constitucionais com aparente legitimidade. O povo pode ser encorajado a manifestar seu julgamento por meio de petições conjuntas; pode-se fazer com que ele sancione as alterações propostas. 

[...]

As sanções civis e as petições de massa foram concebidas pelos homens que, não encontrando apoio, seja na moralidade, seja na razão, vão buscá-lo na aprovação simulada que obtêm via ignorância ou extraem pelo terror.*

[...]



*Nessa altura, o livro traz a seguinte nota: "Sobre a questão das petições de massa, Constant disse em seu discurso de (...) (1• de fevereiro de 1800), para o Tribunal: 'Tem havido muitos abusos delas durante o curso de nossa Revolução. Cada uma de nossas crises foi seguida por um dilúvio de tais petições que jamais provaram coisa alguma, salvo profundo horror dos fracos e o despotismo dos fortes' (...)" (p. 172). 



Constant, Benjamin. “Princípios de Política aplicáveis a todos os Governos”. Tradução de Joubert de Oliveira Brízida. - Rio de Janeiro: Topbooks, 2007.



4 de jul. de 2013

Aforismo




Era um homem de sorte: recebeu em vida todos os elogios que, costumeiramente, só se ganha após a morte. 


O bom niilismo




Antes aforismo; agora poema. 


A razão
niilista
é
consumista


2 de jul. de 2013

Inveja




Trecho de "Parerga e paralipomena", de Schopenhauer.


[...] Pois que o homem, na contemplação do prazer e da propriedade alheios, sinta amargamente a própria carência, é natural, e mesmo inevitável: apenas isto não deveria erguer o seu ódio contra o felizardo; mas precisamente nisto consiste a inveja. Muito menos, contudo, esta deveria se originar onde não são as dádivas da sorte ou do acaso, ou do favor alheio, mas aquelas da natureza que constituem o motivo; porque todo o inato repousa em uma base metafísica, possui portanto uma justificativa mais elevada, e por assim dizer, é da graça divina. Infelizmente porém a inveja se comporta de modo inverso: no caso de vantagens pessoais, é a mais irreconciliável, destarte, a esperteza, e ainda mais a genialidade, são obrigadas primeiro a pedir perdão, sempre que se situam em posição de desprezar o mundo com orgulho e audácia. Pois quando a inveja é produzida somente pela riqueza, posição social ou poder, frequentemente é atenuada pelo egoísmo; ao considerar este que do invejado, no caso em questão, se pode esperar ajuda, prazer, amparo, proteção, promoção, etc., ou que ao menos no contato com ele, iluminado pelo reflexo de sua distinção, podem-se usufruir honrarias: também aqui permanece a esperança de algum dia se apropriar de todos aqueles bens. Porém, para a inveja orientada às dádivas naturais e vantagens pessoais como é a beleza para as mulheres, e o espírito para os homens, não há consolo de um tipo, e esperança do outro; assim nada mais lhe resta senão odiar os assim privilegiados amarga e irreconciliavelmente. Por isto, seu único desejo é se vingar em seu objeto. Aqui contudo se encontra na infeliz situação de que todos seus golpes serão impotentes, tão logo se revele que partiram dele. Por isto se oculta tão cuidadosamente, como os secretos pecados da volúpia, e torna-se agora inesgotável inventor de manhas, ardis e astúcias para se ocultar e mascarar e ferir seu objeto sem ser visto. Assim por exemplo: ignorará com a mais natural das expressões as vantagens que devoram seu coração, não as perceberá, nem nunca reconhecerá que as notou e jamais delas ouviu falar, tornando-se um mestre da dissimulação. Provido de grande finura, não dedicará aparentemente atenção alguma àquele cujas qualidades brilhantes lhe corroem o coração, dele não tomará notícia e ocasionalmente o terá totalmente esquecido. Entrementes, porém, se esforçará antes de tudo, mediante maquinações secretas, em privar cuidadosamente aquelas vantagens de toda oportunidade de se revelarem e se tornarem conhecidas. Em seguida, da escuridão lançará sobre elas censura, escárnio, zombaria, calúnia, igual ao sapo que do interior de um buraco lança o seu veneno. [...]. Resumindo, tornar-se-á um Proteu em estratagemas, para ferir sem revelar. Contudo, de que adianta?




Schopenhauer, Arthur. "O mundo como vontade e representação, III pt.; Crítica da filosofia kantiana; Parerga e paralipomena, cap. V, VIII, XII, XIV". Traduções de Wolfgang Leo Maar e Maria Lúcia Mello e Oliveira Cacciola. -- 2. ed. -- São Paulo: Abril Cultural, 1985, pp. 198/199.